Rabiscos # 20 - Sobre ciclos e imaginação
No próximo domingo, dia 25, quando a lua estiver novamente cheia, se encerram as comemorações do Ano Novo Lunar, celebradas por mais de 1,5 bilhão de pessoas na China e em outros países do Sudeste Asiático desde o dia 10 de fevereiro, data da segunda lua cheia após o inverno do Hemisfério Norte.
No zodíaco chinês estabelece 12 animais (rato, boi, tigre, coelho, dragão, cobra, cavalo, cabra, macaco, galo, cachorro e porco). Cada um desses animais representa um ano lunar, e se liga a um dos cinco princípios fundamentais do universo: metal, madeira, água, fogo e terra.
Esses elementos aparecem uma vez a cada 12 anos, num ciclo que se repete ao longo do tempo. 2024 é o ano do dragão de madeira. O último ano em que isso aconteceu foi em 1964.
Os chineses acreditam que as pessoas que nascem sob um determinado elemento associado a um animal terão características e personalidades únicas, que marcarão as vidas delas.
Não sei quais as minhas características por ser um dragão de madeira, já que nasci em 1964. Também não busquei saber. Acho divertido ter este signo, especialmente porque o dragão é o único dos 12 animais que não é real. Sou regida por um animal imaginário (o que, sem dúvida, explica muitas coisas, rs). Traz um sentimento bom de considerar que a minha vida é comandada pelo sonho e pela criatividade de acionar outras possibilidades em vários sentidos.
2024 ser o ano do dragão, depois de 60 anos, também me fez pensar em ciclos temporais nas nossas vidas. Em como vivemos períodos de tranquilidade seguidos por outros intensos, seja por problemas, doenças, angústias. Ao contrário do calendário lunar chinês, estes ciclos não são regulados, e não se repetem em intervalos definidos.Pelo contrário, os ciclos da nossa existência se orientam por mecanismos que não conseguimos decifrar, lógicas que beiram mais o imaginário draconiano do que a regularidade almejada.
Esta alternância também não se limita aos aspectos positivos/negativos ou momentos alegres/tristes. Não vivemos apenas na dicotomia cíclica. Temos ciclos neutros, em que a vida apenas segue seu curso, no embalo dos dias. Ciclos bons se sucedem, com formatos distintos, pequenas mudanças aqui e ali que indicam a mudança das fases.
Entender quando estamos em um novo ciclo - quando não é mais o ano do coelho de água (2023) e passou a ser o ano do dragão de madeira -, sem que isso precise ser declarado publicamente, é um dos aprendizados de envelhecer.
Bom ano do dragão de madeira para todas e todos. Que seja um tempo de sonhar com olhos acordados e de muita criatividade.